Palavra do Presidente - FCDL-RS
Um dos requisitos indispensáveis para qualquer empreendedor é acreditar em um futuro de prosperidade. A visão crítica é uma necessidade, sob pena de avaliarmos equivocadamente várias situações. Cremos que a economia brasileira pode melhorar seu desempenho, alcançando patamares de crescimento similares à Índia e China, dentre outros países emergentes que lideram o desenvolvimento global.
Esta crença não é incondicional. No entanto, atrelada à sérias mudanças em nosso ambiente político, institucional e de condução da administração pública. Já falamos exaustivamente e temos conclusões claras a respeito da necessidade de uma gestão do país, estados e municípios alinhada com bases éticas e de eficiência gerencial.
Os conhecimentos de algumas ações não param de nos surpreender e confirmar que a desordem da administração pública é maior do que se imagina. Foi criada a imagem de que o governo federal vem praticando uma gestão mais austera. Entretanto os dados objetivos questionam este ponto.
Segundo o Banco Central, a dívida pública da União alcançou em março último o patamar de R$ 3,75 trilhões, crescendo 13,92% em relação ao mesmo mês do ano passado. Simplificando, o estoque total de endividamento aumentou em R$ 458 bilhões no período em questão.
Ao mesmo tempo, a arrecadação federal, também de março, chegou a R$ 105,6 bilhões, alta de 3,95% diante do mesmo mês de 2017, já descontada a inflação. Aí a conta fica simples: Se a arrecadação cresce, os juros caem e a dívida aumenta assustadoramente, é lógico que existe falta de controle das despesas.
Onde fica a austeridade?
Outra questão que nos faz perder o sono é o custo da energia. Não precisamos de muita informação para saber que a disponibilidade energética é uma das principais chaves para a geração de riqueza.
Afora alguns poucos casos de auto geração, o Brasil é o sexto país com a eletricidade mais cara do mundo, de acordo com estudo da FIRJAN, ainda de 2017. O preço médio global é de R$ 275,74 por MW-h, enquanto no nosso país pagávamos R$ 402,26, valor este já reajustado em 2018.
E nos últimos dias, passamos a gastar ainda mais com os derivados de petróleo, cuja produção é monopolizada pela ‘nossa’ PETROBRAS, além de os consumidores estarem, na prática, cobrindo o rombo de R$ 88,6 bilhões (segundo o balanço original da própria PETROBRAS, em 2015).
Agora, a culpa da alta dos derivados do petróleo está indo para o Presidente dos EUA, Donald Trump, pelo rompimento de acordo com o Irã. Claro que a instabilidade diplomática com os produtores de óleo impacta no preço, mas nada justifica que no Brasil o preço da gasolina tenha aumentado 20% (sem contar maio) em apenas 12 meses, diante de uma inflação de 3%.
Entendendo melhor: o Brasil é o segundo país produtor de petróleo com a gasolina mais cara do mundo, sendo superado apenas pela Noruega. Pagamos 28% acima da média mundial. Se a questão fosse apenas custos maiores, como é possível o nosso país exportar a mesma gasolina por cerca de R$ 1,89 o litro entre janeiro e abril deste ano?
Mesmo considerando a ausência de impostos nas exportações – com eles o preço ficaria em R$ 2,76 – não é plausível que tenhamos que pagar cerca de R$ 4,50 por litro no varejo, sabendo que a margem bruta do empresário do posto de combustível é de apenas 10%.
O governo federal deveria aliviar a carga fiscal sobre os derivados do petróleo, aproveitando os ganhos extraordinários de arrecadação que teve no primeiro trimestre deste 2018. A verdade é que não podemos perder mais tempo com discussões políticas falsas. Política é gestão pública; crime é crime.
Este é um princípio fundamental para que possamos evoluir e prosperar como sociedade e deve ser levado em conta na hora de cada um decidir em quem votar para Presidente, Governador, Senador e Deputado.
Vitor Augusto Koch
Presidente FCDL-RS